domingo, 22 de março de 2020

Mensagem 23/03/2020

Louvores:



1. A ele a glória - Diante do Trono





2. Abra os olhos do meu coração - David Quinlan 




3. Minha essência - Tiago Brado




4. Um vaso novo




5. Yeshua - Heloísa Rosa e Fernandinho






Meditação da palavra


Primeira Leitura (1Sm 16,1.6-7.10-13)
1. Então disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.
6. E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido.
7. Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.
10. Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O Senhor não tem escolhido a estes.
11. Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui.
12. Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.
13. Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.

— Palavra do Senhor.
Graças a Deus.


Salmo Responsorial (Sl 92)
1. Bom é louvar ao SENHOR, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo;
2. Para de manhã anunciar a tua benignidade, e todas as noites a tua fidelidade;
3. Sobre um instrumento de dez cordas, e sobre o saltério; sobre a harpa com som solene.
4. Pois tu, Senhor, me alegraste pelos teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos.
5. Quão grandes são, Senhor, as tuas obras! Mui profundos são os teus pensamentos.
6. O homem brutal não conhece, nem o louco entende isto.
7. Quando o ímpio crescer como a erva, e quando florescerem todos os que praticam a iniquidade, é que serão destruídos perpetuamente.
8. Mas tu, Senhor, és o Altíssimo para sempre.
9. Pois eis que os teus inimigos, Senhor, eis que os teus inimigos perecerão; serão dispersos todos os que praticam a iniquidade.
10. Porém tu exaltarás o meu poder, como o do boi selvagem. Serei ungido com óleo fresco.
11. Os meus olhos verão o meu desejo sobre os meus inimigos, e os meus ouvidos ouvirão o meu desejo acerca dos malfeitores que se levantam contra mim.
12. O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano.
13. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus.
14.Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos,
15. Para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha rocha e nele não há injustiça.

— Lâmpada para os meus pés é a tua palavra Senhor.
E luz para os meus caminhos.


Segunda Leitura (Ef 5,8-14)
8. Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz
9. (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade);
10. Aprovando o que é agradável ao Senhor.
11. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.
12. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe.
13. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta.
14. Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.

— Palavra do Senhor.
Graças a Deus.



6. Aclamação do evangelho: Girassol - Priscilla Alcantara, Whindersson Nunes



Evangelho (Jo 9,1.6-9.13-17.34-38)
1. E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
6. Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
7. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo.
8. Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?
9. Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.
13. Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era cego.
14. E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
17. Tornaram, pois, também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.
18. Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
19. Tornaram, pois, a dizer ao cego: Tu, que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.
34. Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no.
35. Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus?
36. Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia?
37. E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo.
38. Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou.

— Palavra da Salvação.
Glória a vós, Senhor.


Meditação

A liturgia de hoje nos faz um convite simples, mas que requer de nós uma intimidade profunda com Deus: abrir os olhos do coração. Nesse tempo quaresmal de preparação da desconstrução do nosso egoísmo, a primeira leitura nos dá o primeiro passo para retirar a nossa venda, a fidelidade.
É comum nas comunidades afirmar que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável, além de afirmar que os planos de Deus são maiores do que os nossos e por isso não entendemos de imediato o mandamento do Senhor. Mas porque não somos fieis aos seus desígnios e vontades? Quantas vezes questionamos ao Senhor ou simplesmente fingimos que não ouvimos? Quando assim façamos, não estamos agindo como pequenos Cristos que somos.
Portanto a primeira lição: agir, mesmo sem entender. O profeta Samuel mesmo tendo dó do rei Saul cumpriu a ordenança de ungir o novo rei, pois o primeiro rei de Israel foi rejeitado pelo senhor (1 Sm 16, 1) por um motivo simples: Deus havia dado ordem para que destruísse totalmente os amalequitas, inclusive o gado e as ovelhas. Saul, porém, poupou o melhor do gado e das ovelhas, dizendo que era para sacrificar a Deus (1 Sm. 15, 7-10).
Segunda lição: olhar as coisas com profundidade. Quando era pequeno meu pai falava para não julgar o livro pela capa, e a lição que levo com esse ensinamento é evitar os pré-julgamentos. Os conceitos prévios sempre levaram as pessoas a uma conclusão imediata, gerando confusão e conflitos. Precisamos aprender a olhar as coisas, buscando a essência das coisas e das pessoas, não apenas observar o que aparamente aquilo ou ele/ela é.
O maior exemplo disso é Davi. Quando Samuel chegou se encantou com o filho mais velho de Jessé, acreditando que este seria o novo rei. Contudo o Senhor disse: “Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Sm 16, 7), já quando viu a Davi “disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo” (1 Sm 16, 12).
Não devemos nos vangloriar por aquilo que podemos fazer ou somos capazes. A força, sabedoria, intelecto, a oratória, uma linda voz, e todas as demais qualidades tem qual o valor se em essência eles servem para que a todo instante nutra o nosso ego. Além do mais porque negamos o Cristo que habita no outro quando julgamos a sua condição financeira, sexualidade, gênero, idade, beleza, aparência, agindo de forma ríspida, separando e negando o outro enquanto indivíduo.
Quantas pessoas matamos por negar em prato de comida, enquanto na nossa dispensa tem o suficiente para meses. Quantas vezes matamos a população LGBTQI+ com a frase: vocês são uma abominação e são amaldiçoados por Deus. Isso quando não pegamos uma faca e uma arma para restringir espaços e negar a existência na sociedade, politica, educação, trabalho. Quantas mulheres matamos quando dizemos que devem ser subjugadas a um machismo que restringe simplesmente o fato de ser mulher a procriação, cuidar da casa e do marido, ganhar menos que um homem porque menstrua. Quantas vezes nos silenciamos de dar um bom dia e perguntar ao nosso irmão em comunidade se ele está bem, porque se eu estou bem o mundo que se exploda.
Quantas vezes não somos coniventes com todas essas atrocidades, esquecendo que Deus é amor, Ele é criador, salvador e consolador. Esquecemos que até nos seus julgamentos Ele é amoroso e fiel, mas mantemos os nossos corações duros e com os olhos fechados para todas as trevas que estão nosso redor.
Então faça uma seguinte reflexão: estou pronto para que o Espirito de Deus pouse em mim e acha uma boa morada? Estou ouvindo a vontade de Deus, agindo e sendo fiel? Se nesta reflexão a resposta for sim, parabéns! Agora, se a resposta for não aconselho a aproveitar o momento quaresmal e orar e jejuar para que o Senhor possa ir em seu coração e reformula-lo.
Se não procuramos esta mudança, a nossa leitura de Salmos é clara, pois afirma: “Quando o ímpio crescer como a erva, e quando florescerem todos os que praticam a iniquidade, é que serão destruídos perpetuamente” (Sl 92, 7). E a sua leitura reforça a primeira leitura por afirmar:
  • O Eterno é bondoso e fiel (Sl 92, 2);
  • A vontade do Senhor é maravilhosa e sua vontade está acima da nossa (Sl 92, 5);
  • Aqueles que estão com os olhos do coração fechado não entende a sua vontade (Sl 92, 6);
  • O Eterno está sempre conosco, abençoando e protegendo aqueles que o ouvem e o vê (Sl 92, 13-14).

A carta de Efésios complementa tudo o que sendo descrito nesta meditação, mas com uma ordem: desperta!
Um texto muito conhecido é o de Romanos 12:2 que diz: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Mas como estamos modificando o mundo? Permanecendo inerte e cruzando os braços ou promovendo a mudança no amor e temor do Senhor?
Nos últimos dias o Brasil e o mundo tem sido assolado pela epidemia do COVID-19, também conhecido como corona vírus, e há um grande debate no meio cristão: a determinação de fechar os templos religiosos. Até então uma das medidas adotadas é evitar locais com aglomeração de pessoas e permanecer em casa para evitar uma contaminação e morte em massa. Então reflita: as igrejas vão fechar ou existe no mundo muitas igrejas fechadas?
Nós somos igrejas do Senhor! Somos templo e morada do Espírito Santo de Deus! Enquanto estivermos meditando, orando, jejuando, usando os meios tecnológicos que a sabedoria humana criou (TV, rádio, internet) de forma benéfica levando a luz (palavra de Deus) e nutrindo a nossa comunidade e a quem precisa, posso afirmar: a igreja do Senhor não vai fechar.
Contudo, existem muitas igrejas fechadas. Fechadas para o amor, para se colocar no lugar do outro, fechadas para a compreensão que todo o ser humano, independente de qualquer categoria, precisa de cuidados, carinho, atenção e afetos. Há pessoas que não estão afastando as trevas e sim disseminando elas. Então reflita: a minha igreja (que sou eu) está fechada? Quando Deus bate a porta dos nossos corações encontra um local fechado e trancado a sete chaves, recheado do eu, ou recebe um “bem-vindo, pode entrar”?
Precisamos despertar (Ef 5, 13-14) para que o tema das Igrejas da Comunidade Metropolitana de 2020 seja posto em prática e não fique engessado em simples palavras: profetize. Esse despertar se destina a todo o individuo porque Deus vê o coração das pessoas e espera que todos os seus filhos e filhas, espalhados nos quatro cantos do mundo, se torne sacerdote real, nação santa, geração eleita, povo escolhido e propriedade exclusiva de Deus, aquele a quem Deus chamou das trevas para sua magnifica luz (1 Pe 2, 9).
Se quisermos ser esclarecido pela vontade do Eterno precisamos acordar a nossa vontade de adorar e servir a Deus, amar o próximo como a nós mesmos, reconhecer o Deus que habita no outro, cumprindo o que está escrito na nossa profissão de fé conhecer os muitos nomes de Deus, respeitando todos eles, trabalhar por um mundo onde todos tenham o suficiente, sendo presença curadora a quem necessitar, e acima de tudo “resistiremos, ativamente, aos sistemas e estruturas que estão destruindo Sua criação”.
O evangelho de hoje nada mais é do que uma síntese que todas as leituras e a atitude do ensinamento maior de Deus, que está sendo dito constantemente: ame! Esse verbo conjugado no imperativo nos dá uma ordem, uma ordem para aqueles que são da luz, para aqueles que seguem e são pequeno Cristo, não julgando a quem se destina. Afinal Jesus quando olhou para o homem cego de nascença não julgou se ele era pobre ou rico, gay ou hetero, feio ou bonito, ele simplesmente o curou (Jo 9, 1. 6-7).
Vale salientar que era sábado e, na tradição judaica, o sábado não se faz absolutamente nada que não seja a serviço de Deus. Servimos a Deus apenas no templo? Servimos a Deus quando apenas colocamos as nossas melhores roupas e vamos a igreja de quatro paredes? A reposta Cristo nos dá nesta passagem: não. Se somos servos do Senhor, estamos servindo a todo instante, os 7 dias da semana, as 24h do dia. Negar de levar a luz de Deus nas nossas atitudes, no nosso bom dia, no simples fato de dizer um eu te amo a quem não conhecemos, estamos negando a Cristo.
A passagem ainda reforça o acordar da leitura anterior, quando diz que precisamos deixar a nossa cegueira. Ora, como podemos ver a Cristo se o nosso coração está fechado, cego e dormindo? Como podemos adorar a Deus em espirito e ter comunhão se estou sem luz? Ora, para que o cego adorasse a Jesus (Jo 9, 38) ele precisou tirar a cegueira do seu coração, crendo e cumprindo a determinação do Senhor quando mandou o cego se lavar no tanque de Siloé (Jo 9, 7).
Hoje somos convidados a ir para o tanque daquele que são enviados, de coração aberto, retirar de nós tudo aquilo que nos impede de ver a Deus e suas maravilhas. Somos convidados a mudar o mundo, mas o mundo que habita em nós.



+ Em comunidade,




Maylton Marques Lourenço
Diácono da ICM Cabedelo